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Gestão e Planejamento de Carreiras: As Lições em Fome de Poder

Ética e empreendedorismo: o que a cinebiografia de Ray Kroc tem a nos ensinar sobre gestão e planejamento de carreiras?


Gestão e planejamento de carreiras em Fome de Poder
Fonte: Gestão e Planejamento de Carreiras - Transformando Entretenimento em Aprendizagem

O cartaz de Fome de Poder, produção que radiografa o surgimento da poderosa marca McDonald’s é a prova cabal do poder semiótico do M em forma de batatas-fritas e do vermelho que estampa o fundo desta arte gráfica. Uma das marcas mais emblemáticas do fenômeno conhecido por globalização ganhou sua versão cinematográfica, numa história detalhista focada no luxo e na glória de ser praticamente o detentor mundial do estilo fast food.  Em termos dramatúrgicos, a história desta marca é poderosa. A empresa começou timidamente como uma churrascaria em 1940, ampliou para um negócio de hambúrgueres em 1948 e em 1955 tornou-se um empreendimento franqueado de sucesso astronômico. Com uma história deste quilate, demorou muito para chegar aos cinemas a trajetória deste conglomerado capitalista tão poderoso.


Em Fome de Poder, somos apresentados ao momento de ascensão do McDonald’s. O vendedor Ray Kroc (Michael Keaton) é um homem que passa os seus dias tentando bater as metas durante as suas entradas e saídas em estabelecimentos do sul da Califórnia, nota um movimento fora do comum no empreendimento dos irmãos Maurice (Nick Offerman) e Richard “Mac” Donald (John Carrol Lynch).  Ao vislumbrar oportunidades logo adiante, Kroc adquire uma participação nos negócios e aplica novos modos de produção. A sua necessidade dramática é o poder, sendo assim, para coloca-la em prática, aos poucos, começa a eliminar os irmãos Maurice e Richard da rede e transforma a marca num dos maiores impérios capitalistas do mundo.


No que diz respeito aos elementos da linguagem do cinema, Fome de Poder cumpre bem a cartilha dos enquadramentos, do design de produção e da direção de fotografia. A condução do som é eficiente e a montagem consegue dar conta do seu trabalho. Se podemos apontar incongruências no filme, estas talvez habitem o campo da direção de John Lee Hancock. Você lembra dele, não é? O mesmo de Um Sonho Possível, aquele drama que concorreu ao Oscar em 2010 e premiou Sandra Bullock (merecidamente) na categoria de Melhor Atriz. Hancock tem o dom de pegar histórias poderosas e conduzi-las de maneira irregular, exagerando na dose novelística e insistindo numa espécie de “síndrome de Charles Dickens”: narrativas em que o poder e o brilho ganham contornos de ascensão social e modelos de vida. O tipo de filme ideal para passar numa oficina de perseverança ou numa disciplina do curso de Administração ou Publicidade.


Fome de Poder tem o roteiro assinado por Robert Siegel, o mesmo do intenso O Lutador, produção que marcou o “retorno” do sumido Mickey Rourke nos cinemas. O texto de Siegel não se preocupa em momento algum em adentrar nas polêmicas que fazem parte da história evolutiva do McDonald’s, o que transforma o filme num conto um tanto genérico que foca na ascensão meteórica de um homem de negócios e da sua marca, bem como o acesso ao poder e ao dinheiro, elementos essenciais para sobrevivência no bojo do capitalismo. No que tange ao estudo de personagem, Ray Kroc ganha uma roupagem interessante, principalmente pelo bom desempenho de Michael Keaton. As suas esposas, entre elas, Ethel, interpretada por Laura Dern (a primeira, negligenciada) surgem como coadjuvantes pouco expressivas. Quando anunciado, assumo que esperei o filme com muita ansiedade. No entanto, o “eu amo muito tudo isso” ficou apenas no slogan da empresa, porque esta versão cinematográfica não conseguiu radiografar muito bem uma história cheia de polêmicas e pormenores.


Acredito que seja interessante o espectador pensar no filme como um complemento. Os elementos críticos que não estão presentes em Fome de Poder podem fazer parte de um combo. Digamos que o seu nome seja “Big Crítico III”: Fome de Poder é o responsável por contar a história de ascensão da marca. Super Size Me, documentário campeão de bilheteria que nos mostra um homem que come lanches do McDonald’s por um mês e comprova diante das câmeras e através de exames os graves problemas de saúde decorrentes desta prática, seja o elemento crítico complementar. E a cena de Michael Douglas em Um Dia de Fúria, que nos mostra a revolta deste como cliente ao exigir do atendente um sanduíche igual ao que aparece no cartaz (com alterações digitais da imagem), funcione como aquela porção extra de batatas-fritas. Pronto. O combo crítico está feito. Boa reflexão, bons filmes.

Gestão e planejamento de carreiras em Fome de Poder
Fonte: Leonardo Campos

Sobre o livro que inspirou o filme. O livro Fome de Poder, de Ray Kroc, narra a fascinante e anti-ética jornada do visionário empreendedor por trás do sucesso global do McDonald's. Esta narrativa envolvente revela não apenas a saga de uma das marcas mais reconhecíveis do mundo, mas também abre portas para reflexões profundas sobre os temas de ambição, tenacidade, ética empresarial e a complexidade de alcançar o sucesso. Ray Kroc emergiu como um ícone do mundo dos negócios, transformando modestas raízes em um império bilionário. Sua determinação incansável e visão empreendedora o levaram a capitalizar o potencial do McDonald's e a expandir a marca para muito além das expectativas iniciais. No entanto, por trás do brilho do sucesso estava um homem impulsionado por uma fome insaciável de poder e reconhecimento.


Kroc, ao longo de sua trajetória, enfrentou desafios e dilemas morais complexos. Sua busca incessante pelo crescimento e dominância no mercado muitas vezes o levou a tomar decisões controversas e éticamente questionáveis. A exploração do trabalho, a pressão por resultados e a competição feroz moldaram a personalidade e as escolhas de Ray Kroc, lançando luz sobre os aspectos sombrios que podem acompanhar o caminho para o sucesso. Além disso, o livro também explora a noção de que o poder e a fome pelo sucesso podem distorcer a moralidade e os valores de um indivíduo. A obsessão de Kroc pela expansão e pelo lucro muitas vezes o colocou em conflito com sua própria integridade, levantando questões sobre até que ponto alguém está disposto a ir em busca de seus objetivos e que preço está disposto a pagar.


É interessante notar também como a narrativa de Fome de Poder levanta questionamentos sobre o verdadeiro significado do sucesso. Seria o sucesso apenas uma questão de poder, dinheiro e status, ou haveria uma dimensão mais profunda ligada à satisfação pessoal, ao propósito e ao impacto positivo na sociedade? A trajetória de Ray Kroc nos desafia a ponderar sobre essas questões e a reavaliar nossas próprias definições de realização e felicidade. Ao concluir, Fome de Poder oferece uma visão penetrante sobre os complexos matizes do mundo dos negócios e da ambição desenfreada. A história de Ray Kroc nos lembra das tensões entre o desejo de sucesso e os limites éticos que devemos respeitar em nossa busca pelo poder. A reflexão crítica sobre as lições e os dilemas apresentados no livro nos convida a examinar nossas próprias ambições, motivações e valores, ressaltando a importância de buscar um equilíbrio entre a busca pelo sucesso e a preservação da integridade pessoal. 


O infográfico ao disponibilizado traz mais informações sobre como o filme pode nos fazer entender melhor as questões abordadas na narrativa. 


Por fim, a reflexão: dinheiro e sucesso são sedutores, mas até que ponto?

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