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Gestão e Planejamento de Carreiras: As Lições de Uma Manhã Gloriosa

Resiliência e planejamento estratégico: saiba mais o que esta narrativa pode te ensinar sobre gestão e planejamento de carreiras.


Gestão e Planejamento de Carreiras em Uma Manhã Gloriosa
Fonte: Gestão e Planejamento de Carreiras - Transformando Entretenimento em Aprendizagem

Como cinema, Uma Manhã Gloriosa é cheio de convencionalismos. Clichês abundantes, situações arrumadinhas demais para fazer as coisas acontecerem, no entanto, não deixa de ser uma narrativa inspiradora e com doses generosas de entretenimento. Pelo lado pedagógico inerente ao processo de composição cinematográfica, o filme é um feixe de valiosas lições sobre diversos tópicos temáticos, em especial, as adversidades durante o que estabelecemos diante de nossos planejamentos de carreira, além de promover uma reflexão sobre a importância de sermos, constantemente, adeptos ao que o campo dos estudos psicológicos pegou emprestado dos físicos: a resiliência, algo que abordarei mais adiante, quando estiver no arremate desta breve, mas creio, elucidativa análise. Dirigido por Roger Mitchell e escrito por Aline Brosh McKenna, a produção flerta com as novas etapas no cotidiano de Becky (Rachel McAdams), uma jovem produtora de TV que se dedica ao máximo na emissora em que trabalha, mas é demitida por cortes no orçamento, mesmo após se dedicar cabalmente ao seu trabalho diariamente. 


Após o banho de água fria na emissora onde se entregou tanto, Becky ainda precisa ouvir se sua mãe algumas palavras não exatamente animadoras. Ela começa uma saga de envio de currículos diariamente, ainda desacostumada com a vida de desempregada. Sua casa, um reflexo do trabalho, é cheia de monitores, um desdobramento do seu cotidiano profissional modificado, agora com um novo desafio, depois que recebe o convite para trabalhar no Day Break, um programa diário com baixos níveis de audiência. Ao chegar, Becky é desmotivada pelo chefe realista, interpretado por Jeff Goldblum, tendo que comprovar as suas habilidades e competências diante de uma equipe problemática. Ao perceber os testes constantes, ela começa tomando algumas decisões difíceis, em especial, a demissão do âncora Paul McVee (Ty Burrel), um assediador e arrogante jornalista. A sua postura é vista com admiração. 


Isso é o começo da guinada com resultados positivos, mas caminhada bastante desafiadora. Colleen Peck (Diane Keaton) se posiciona inicialmente com estrelismo, mas se torna uma colaboradora de Becky. O grande desafio é o novo âncora. Focada em contratar Mike Pomeroy (Harrison Ford), um admirado jornalista com carreira renomada, ainda sob contrato na emissora, mas arruinado por problemas pessoais. Ele não aceita se “vender” ao tipo de programa no qual a produtora pretende arrasta-lo. Indo sob condições contratuais, assume o posto ao lado da personagem de Keaton, mas não sem causar uma série de problemas. Desafiada a levantar os índices de audiência para o programa não ser cancelado, a protagonista precisará lidar com o baixo orçamento, o ego de Pomeroy, numa trama que flerta com tópicos sobre transição de carreira, tolerância, paciência, persistência e, como já mencionado, resiliência. 


Com uma equipe técnica eficiente, Uma Manhã Gloriosa consegue se dar bem no quesito visualidade, entregando aos espectadores uma trama que dialoga bem com o contexto em que se insere. Destaque para o ótimo design de produção de Mark Friedberg, em especial, nos espaços que compõem o ambiente de trabalho de Becky, inicialmente caótico, cheio de deficiências e a “cara” do status do programa, isto é, uma produção de baixa audiência e, por isso, sem um adequado espaço para funcionamento das coisas. Também eficiente, a direção de fotografia cria planos, quadros e movimentos envolventes, como por exemplo, a cena de abertura que nos apresenta um encontro amoroso frustrado para Becky. A empolgante trilha sonora de David Arnold colabora com o estabelecimento do tom cômico e trágico de algumas passagens ao longo dos 107 minutos deste filme “morno”, mas deliciosamente divertido. 


Ademais, a narrativa também é sobre resiliência, um termo originado da física que expõe a propriedade de alguns corpos em retornar ao seu formato original após terem se submetido ao processo de deformação elástica. No âmbito da psicologia, o termo designa a capacidade que alguns indivíduos possuem de lidar com determinados problemas, adaptando-se, superando de maneira vitoriosa os obstáculos que surgem dos pontos mais diversificados. Tópicos temáticos como estresse, eventos traumáticos, dentre outros, englobam esta questão. Não adentrar pelo perigoso caminho do surto psicológico, bem como a derrocada diante do esgotamento físico e emocional delineiam o potencial de uma pessoa com a “resiliência” em dia. É lidar de forma positiva com situações que nos tiram do foco, que desequilibram o nosso emocional. O cinema, como uma arte da representação, encontra em Uma Manhã Gloriosa uma protagonista carismática e capaz de nos fazer refletir sobre este tema bastante debatido, mas necessário. 


Ao transformar o entretenimento em aprendizagem, selecionei algumas lições valiosas da narrativa. Vem comigo?


Resiliência, uma palavra-chave do contemporâneo:  a resiliência é uma qualidade que se tornou cada vez mais valorizada e essencial no mundo contemporâneo, tanto na esfera pessoal quanto na profissional. A capacidade de enfrentar desafios, superar adversidades e se adaptar a situações adversas tornou-se um diferencial significativo para o sucesso e bem-estar individuais. 

Na vida pessoal, a resiliência desempenha um papel fundamental na capacidade de lidar com as vicissitudes da existência. Vivemos em um mundo marcado por mudanças rápidas e imprevisíveis, onde crises pessoais, familiares e sociais podem surgir a qualquer momento. Nesses momentos de adversidade, a resiliência nos permite manter a calma, encontrar soluções construtivas e seguir em frente, mesmo diante das circunstâncias mais desafiadoras.


Além disso, a resiliência também está diretamente ligada à nossa saúde mental e emocional. Pessoas resilientes tendem a apresentar níveis mais baixos de estresse, ansiedade e depressão, pois possuem uma maior capacidade de lidar com as pressões do cotidiano e de transformar experiências negativas em aprendizado e crescimento pessoal. No âmbito profissional, a resiliência é uma competência cada vez mais valorizada pelas organizações. Em um contexto de constantes mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, os profissionais resilientes são capazes de se adaptar rapidamente a novas situações, enfrentar desafios com determinação e manter um alto nível de produtividade mesmo sob pressão.


Além disso, a resiliência no ambiente de trabalho está diretamente relacionada ao desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e à capacidade de liderança. Profissionais resilientes são vistos como modelos de conduta, capazes de inspirar e motivar suas equipes mesmo diante das adversidades, promovendo um clima organizacional positivo e construtivo. Diante da importância da resiliência tanto na vida pessoal quanto profissional, torna-se essencial desenvolver e aprimorar essa habilidade. Para isso, algumas estratégias podem ser adotadas. O autoconhecimento, a prática da autoaceitação e da gratidão, o cultivo de pensamentos positivos e a busca por soluções criativas são algumas das atitudes que podem contribuir para o fortalecimento de nossa resiliência. Além disso, é importante buscar o apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde mental sempre que necessário. 


A partilha de experiências e emoções pode ser uma ferramenta poderosa para superar momentos difíceis e fortalecer nossa resiliência emocional. Em suma, a resiliência é uma habilidade fundamental para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo e promover nosso bem-estar pessoal e profissional. Ao desenvolvermos a capacidade de nos adaptar, superar obstáculos e aprender com as adversidades, estamos construindo as bases para uma vida mais equilibrada, produtiva e significativa. Portanto, cultivar a resiliência em todas as áreas de nossa vida é um investimento valioso que pode nos ajudar a alcançar nossos objetivos e viver de forma mais plena e realizada.

Gestão e Planejamento de Carreiras em Uma Manhã Gloriosa
Fonte: Gestão e Planejamento de Carreiras no Cinema - Transformando Entretenimento em Aprendizagem

Mas, devemos romantizar a resiliência? Nos últimos anos, a palavra "resiliência" tornou-se um termo comum no discurso sobre habilidades emocionais e sociais. É frequentemente elogiada como uma qualidade fundamental para lidar com desafios e superar adversidades. No entanto, ao romantizarmos a resiliência como uma "soft skill", corremos o risco de minimizar os impactos negativos que a pressão constante e a necessidade de se manter forte podem ter sobre a saúde física e psicológica das pessoas. Em sua essência, a resiliência refere-se à capacidade de se adaptar a situações difíceis, recuperar-se de fracassos e seguir em frente com determinação. É inegável que a resiliência é uma qualidade valiosa, especialmente em um mundo cada vez mais volátil e incerto. No entanto, quando a resiliência é retratada como uma habilidade que todos devem possuir em abundância, sem levar em consideração os limites individuais, ela pode se tornar uma fonte de pressão adicional e sofrimento. 


Ao romantizar a resiliência, criamos uma expectativa de que as pessoas devem ser capazes de suportar qualquer quantidade de estresse e lidar com qualquer adversidade sem vacilar. Isso pode levar à internalização de um padrão irreal de força e superação, que pode ser prejudicial tanto do ponto de vista físico quanto psicológico. A pressão para ser sempre resiliente pode resultar em níveis elevados de estresse crônico, ansiedade, depressão e esgotamento. Além disso, ao valorizarmos em excesso a resiliência como uma soft skill, corremos o risco de desconsiderar a importância de outras habilidades emocionais, como a capacidade de pedir ajuda, de se permitir sentir vulnerável e de estabelecer limites saudáveis. A resiliência não deve ser encarada como uma panaceia que pode resolver todos os problemas, mas sim como parte de um conjunto de habilidades emocionais que inclui a autocompaixão, a empatia e a capacidade de aceitar as próprias limitações.  Para evitar os perigos associados à romantização da resiliência, é fundamental promover uma abordagem mais equilibrada em relação a essa habilidade. 


Em vez de incentivarmos as pessoas a sufocarem suas emoções e a ignorarem seus próprios limites em nome da resiliência, devemos encorajá-las a cultivar uma relação saudável consigo mesmas, a buscar apoio quando necessário e a reconhecer que existem momentos em que é preciso aceitar a vulnerabilidade e a fragilidade. Além disso, é importante que as organizações e a sociedade como um todo reconheçam a importância de criar ambientes que promovam a saúde mental e emocional dos seus membros. Isso inclui oferecer apoio psicológico, incentivar a abertura e a honestidade sobre as dificuldades enfrentadas e combater os estigmas associados ao pedir ajuda. Em conclusão, a resiliência é, sem dúvida, uma habilidade valiosa que pode ajudar as pessoas a enfrentar os desafios da vida com mais eficácia. No entanto, ao romantizarmos a resiliência como uma soft skill, corremos o risco de ignorar os impactos negativos que a pressão constante para ser forte e resiliente pode ter sobre a saúde física e psicológica das pessoas. 


Portanto, é essencial adotar uma abordagem mais equilibrada em relação à resiliência, reconhecendo que a vulnerabilidade e a autenticidade também são aspectos fundamentais do bem-estar emocional. E, por fim, outra lição da narrativa: no contexto profissional contemporâneo, a capacidade de enfrentar e superar adversidades se tornou uma habilidade essencial para alcançar o sucesso e a realização no mundo do trabalho. Nesse sentido, precisamos falar constantemente de posicionamento estratégico, algo que emerge não apenas como uma competência técnica, mas também como uma soft skill valiosa que pode impactar diretamente a forma como os indivíduos lidam com desafios e obstáculos no ambiente corporativo.  


Em primeiro lugar, é crucial compreender o conceito de soft skills e sua importância no contexto atual. Soft skills referem-se a habilidades interpessoais e comportamentais que não são necessariamente relacionadas a conhecimento técnico, mas desempenham um papel fundamental no sucesso de uma pessoa no ambiente de trabalho. Entre essas habilidades, o posicionamento estratégico se destaca como a capacidade de analisar uma situação, identificar oportunidades e ameaças, e agir de forma planejada e ponderada para atingir objetivos específicos. Em um cenário profissional cada vez mais volátil e complexo, a capacidade de posicionar-se estrategicamente se torna crucial para lidar com as incertezas e desafios do mundo corporativo.


Ao desenvolver o posicionamento estratégico como soft skill, os profissionais adquirem a capacidade de adotar uma abordagem proativa diante das adversidades. Em vez de reagir impulsivamente ou serem sobrecarregados pela pressão das circunstâncias adversas, indivíduos com essa competência estão mais preparados para avaliar cenários, antecipar desafios e tomar decisões informadas e bem fundamentadas. Essa postura estratégica não apenas fortalece a resiliência dos profissionais diante das adversidades, como também os capacita a transformar obstáculos em oportunidades de crescimento e aprendizado.


Além disso, o posicionamento estratégico como soft skill contribui para a construção de relacionamentos interpessoais mais eficazes no ambiente de trabalho. Ao demonstrar habilidades de análise crítica, planejamento e tomada de decisão, os profissionais são percebidos como mais confiáveis, assertivos e capazes de liderar em momentos de crise. Essa capacidade de influenciar positivamente a percepção dos outros e inspirar confiança é essencial para estabelecer vínculos profissionais sólidos e eficazes, que podem ser fundamentais para superar desafios e alcançar objetivos em contextos adversos.


Por outro lado, cabe ressaltar que o desenvolvimento do posicionamento estratégico como soft skill exige dedicação, prática e autoconhecimento por parte dos profissionais. A capacidade de posicionar-se estrategicamente não é inata, mas pode ser cultivada e aprimorada ao longo do tempo por meio de experiências, aprendizados e feedbacks construtivos. É fundamental que os indivíduos estejam abertos ao desenvolvimento contínuo de suas habilidades, buscando aperfeiçoar sua capacidade de análise, planejamento e execução em situações adversas, a fim de garantir sua eficácia e adaptabilidade no mundo profissional em constante mudança.


No infográfico, um panorama das lições de carreiras em Uma Manhã Gloriosa. 


Boa sessão! 

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