Como os Filmes e as Séries Refletem a Nossa Relação com a Cibercultura?
- Leonardo Campos
- 23 de jul. de 2024
- 11 min de leitura
Em entrevista concedida ao jornalista Ronaldo Anunciação, o professor Leonardo Campos versa sobre como as narrativas ficcionais e documentais debatem a nossa relação com a tecnologia.

Antes de começarmos a delinear as relações entre cinema e cibercultura, explica para os nossos leitores sobre esse conceito?
É um conceito que “todo mundo” usa mas nem sempre compreende. A cibercultura emerge como um conceito intrínseco à nossa vivência cotidiana. Com a expansão das tecnologias digitais e a conectividade global, o termo "cibercultura" tornou-se onipresente, moldando nossas interações sociais, modos de pensar e mesmo nossa própria identidade. A cibercultura pode ser definida como o conjunto de práticas, comportamentos e manifestações culturais que emergem a partir da interação entre indivíduos e as tecnologias digitais. Ela engloba desde a forma como nos comunicamos nas redes sociais até a transmissão de informações em tempo real ao redor do globo. Nesse contexto, a cibercultura transcende fronteiras físicas e temporais, gerando um espaço virtual no qual a experiência humana é constantemente reconfigurada. Um dos aspectos mais marcantes da cibercultura é a sua capacidade de democratizar o acesso à informação e ampliar as possibilidades de conexão entre as pessoas. Através da internet, indivíduos de diferentes partes do mundo podem se comunicar instantaneamente, compartilhar conhecimentos e promover mudanças sociais. Essa interconexão global redefine a noção de tempo e espaço, criando uma nova forma de sociabilidade e de construção de identidades. Os filmes e séries que trabalho no livro A Cibercultura e Suas Representações em Narrativas Ficcionais e Documentais exploram bem esses tópicos. Temos que pensar que a cibercultura não se limita apenas à disseminação de informações e interações sociais. Ela também engloba questões éticas, políticas e econômicas que permeiam o ambiente digital. A privacidade dos indivíduos, a segurança dos dados pessoais e a disseminação de fake news são apenas alguns dos desafios enfrentados pela sociedade na era da cibercultura.
Sua base teórica para os debates sobre cibercultura estão exclusivamente ancoradas nas considerações de Pierre Levy?
Não exclusivamente, mas é uma leitura básica em qualquer contexto curricular que debate o conceito de cibercultura. Digamos que o livro Cibercultura, do sociólogo francês, esteja nas referências bibliográficas de ensaios, artigos, dissertações e teses acadêmicas, bem como na lista de leituras de algum componente curricular de faculdades públicas e privadas que tratam do assunto. Nesse contexto, as teorias de Pierre Lévy desempenham um papel crucial na investigação e compreensão da interação entre a tecnologia, a informação e a cultura. Ele é reconhecido por seu trabalho pioneiro no campo da cibercultura e em suas teorias se destaca a importância da tecnologia da informação e da comunicação na formação de uma nova cultura global baseada na conectividade digital. Para ele, a cibercultura não se limita apenas ao uso de dispositivos tecnológicos, mas abrange as transformações profundas que ocorrem nas relações sociais, na produção de conhecimento e na construção de identidades na era digital. Uma das contribuições mais marcantes de Lévy é a ideia de inteligência coletiva, que descreve a capacidade dos indivíduos de se conectarem e colaborarem através das redes digitais para criar conhecimento e inovação de forma colaborativa.

Em suas apresentações, você afirma que Lévy diz ser a cibercultura responsável por potencializar a inteligência coletiva. Numa época onde se discute os impactos das redes sociais e aplicativos, bem como a dominação da IA, isso ainda se aplica?
Segundo Lévy, a cibercultura potencializa a inteligência coletiva, permitindo que grupos diversos de pessoas se unam virtualmente para compartilhar ideias, experiências e informações, gerando um ambiente propício para a criação coletiva de conhecimento. Além disso, Lévy destaca a importância da noção de "hipertexto" na cibercultura, que se refere à estrutura não linear e fragmentada da informação na web. Para o autor, o hipertexto é uma representação simbólica da mente humana, que opera de maneira associativa e não linear, refletindo a complexidade e a multiplicidade de caminhos de pensamento na era digital. No entanto, apesar dos benefícios e potencialidades da cibercultura, Lévy também alerta para os desafios e dilemas éticos que surgem nesse contexto. Questões relacionadas à privacidade, vigilância, desigualdade digital e manipulação da informação são levantadas como preocupações fundamentais que exigem uma abordagem crítica e reflexiva por parte da sociedade. Ao refletir sobre as teorias de Pierre Lévy, os estudantes e eu, constantemente, ao reler e reconsiderar, nós percebemos que a discussão da cibercultura vai além da simples análise tecnológica, abrangendo questões profundas sobre identidade, poder, conhecimento e democracia na era digital. As ideias de Lévy oferecem insights sobre como a tecnologia e a cultura “interagem” e se influenciam mutuamente, desafiando-nos a repensar nossas concepções tradicionais de sociedade e humanidade. Em linhas gerais, as teorias de Pierre Lévy sobre cibercultura destacam a importância de uma abordagem interdisciplinar e crítica para compreender as transformações que ocorrem na era digital.
Então o debate com os filmes e séries possui um embasamento teórico muito além da teoria do filósofo francês.
Nossa! Essa vai ser uma resposta das longas, tudo bem? Vamos lá. A cibercultura é um conceito muito amplo. Ao reconhecer a complexidade e a profundidade das transformações destacadas na pergunta anterior, nós somos incentivados a refletir sobre as implicações éticas, sociais e culturais da cibercultura e a buscar formas de promover uma convivência mais consciente e equitativa nesse novo ambiente digital em constante evolução. A cibercultura emergiu como um campo interdisciplinar que busca compreender as transformações provocadas pela tecnologia digital na sociedade contemporânea. Entre os pensadores que contribuíram significativamente para esse debate está a “celebridade do assunto”, o sociólogo francês Pierre Lévy, cujas ideias sobre inteligência coletiva e cibercultura são amplamente reconhecidas. No entanto, além de Lévy, há diversos outros filósofos que também exploraram a relação entre tecnologia, cultura e sociedade nesse contexto. Jean Baudrillard é um dos filósofos importantes na reflexão sobre a cibercultura. Sua obra aborda a ideia de simulação e hiper-realidade, argumentando que a tecnologia não apenas reflete a realidade, mas a substitui, criando um mundo de representações distorcidas e ilusórias. Para Baudrillard, a cibercultura amplifica essa dinâmica, levando a uma diluição das fronteiras entre o real e o virtual.
Professor Leonardo, pelos seus olhares e gestos, há mais considerações a sair. Não se prive. Conte para nossos leitores quem mais é base teórica para compreensão do assunto.
Obrigado. Estava contido mesmo, evitando me alongar demais, só que não tem jeito. Gosto de ler também a Donna Haraway, teórica que introduziu o conceito de ciborgue em seu trabalho "Manifesto Ciborgue", um texto onde ela critica a dicotomia entre natureza e cultura, argumentando que a tecnologia transformou fundamentalmente a noção de corporeidade e identidade. Em suas considerações, ela propõe uma visão pós-humanista que desafia as ideias tradicionais de subjetividade e identidade em um contexto tecnológico. Sendo mais complexo na leitura, mas ainda assim, funcional quando devidamente debatido, temos Michel Foucault, filósofo que também oferece insights relevantes para a discussão sobre cibercultura em sua análise do poder e do conhecimento. Foucault examina como a tecnologia é utilizada para exercer controle e vigilância sobre os corpos e as mentes, destacando as implicações políticas e sociais desse processo. Sua noção de biopoder é especialmente pertinente para compreender as dinâmicas de poder na era digital. Ademais, acho que posso citar aqui Sherry Turkle, responsável por ser uma das pessoas do meio acadêmico que investigou as interações entre humanos e máquinas em sua obra Alone Together, explorando como a tecnologia está reconfigurando nossas relações sociais e emocionais. A autora levanta questões significativas sobre a conexão humana na era da cibercultura, convidando-nos a refletir sobre os impactos psicológicos e éticos dessa transformação. A discussão sobre cibercultura é enriquecida pela diversidade de perspectivas filosóficas que se ramifica de todos estes autores, contribuintes significativos para a compreensão dos desafios e possibilidades trazidos pela interseção entre tecnologia, cultura e sociedade. Suas reflexões nos convidam a repensar nossas relações com a tecnologia e a explorar novos horizontes de significado e prática no mundo contemporâneo da cibercultura.

Muitos filmes analisados em seu livro tecem críticas ferrenhas ao nosso convívio com as redes sociais. Você é um dos defensores da “extinção” das redes sociais em nosso cotidiano?
Jamais. As redes sociais mudaram a maneira como interagimos, democratizou o que antes era possível apenas por ligações caríssimas que vinham em nossas contas telefônicas. Mas acredito que você deve ter se prendido ao fato de eu concordar com alguns pontos do livro Dez Argumentos Para Você Deletar Agora as Suas Redes Sociais, de Jaron Lanier, publicação que traz uma crítica contundente em relação aos efeitos negativos dessas plataformas em nossa sociedade atual, temática trabalhada no documentário O Dilema das Redes. Bom, eu amo as redes sociais e tenho várias, mas as questões críticas se baseiam no jogo viciante e antiético destas plataformas que invadem a nossa vida de maneira mais impactante do que imaginamos. Salvaguardadas as devidas proporções comparativas, funcionam como as drogas, e, quando pegam de assalto uma pessoa despreparada ou imatura, como muitos dos nossos jovens, a situação se torna complexa. O advento das redes sociais transformou significativamente a forma como interagimos e nos relacionamos com o mundo. Apesar de parecer apocalíptico, aceito alguns argumentos do autor mencionado. Um dos principais argumentos de Lanier é que as redes sociais contribuem para uma alteração negativa em nossa cognição, levando a uma redução da capacidade de concentração e reflexão profunda. O constante fluxo de informações fragmentadas e o incentivo ao comportamento impulsivo nas redes sociais podem levar a uma atrofia do pensamento crítico e da empatia. Além disso, a busca por validação constante pode gerar ansiedade e afetar negativamente a autoestima dos usuários.
Mas você também utiliza trechos do livro para versar sobre privacidade, manipulação de dados, saúde mental e desafios para a democracia em nossa sociedade.
Precisamos ver que essa é uma linha tangencial da discussão sobre cibercultura. O livro dele é focado nas redes sociais, um dos tópicos deste abrangente tema. Um dos pontos abordados por Lanier é a questão da privacidade e da manipulação de dados nas redes sociais. O modelo de negócios dessas plataformas frequentemente se baseia na coleta massiva de informações pessoais dos usuários para segmentação de anúncios e influência de comportamento. Isso levanta preocupações éticas sobre o uso indevido de dados para manipular opiniões e moldar a percepção do indivíduo, comprometendo sua autonomia e liberdade de escolha. Ele destaca também que as redes sociais também influenciam diretamente nossos relacionamentos sociais e nossa saúde mental. Lanier argumenta que a superficialidade das interações online muitas vezes substitui a conexão genuína e o contato humano face a face. Isso pode levar a sentimentos de solidão e isolamento, mesmo em meio a uma aparente abundância de conexões virtuais. Além disso, a constante comparação com a vida aparentemente perfeita de outros usuários nas redes sociais pode agravar problemas de autoimagem e ansiedade. Ele também expressa preocupação sobre o impacto das redes sociais na democracia e na estrutura social como um todo. A disseminação de desinformação, a polarização política e a formação de câmaras de eco nas plataformas online podem minar o diálogo saudável e o debate público construtivo. Além disso, a concentração de poder nas mãos de algumas empresas de tecnologia pode ameaçar princípios democráticos fundamentais, como a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões.

Em todos os seus debates sobre cibercultura, há um destaque, uma abordagem maior e mais detalhada sobre O Dilema das Redes, documentário lançado pelo Netflix. Explica para nossos leitores essa hierarquização?
Simplesmente por causa do seu tom didático. E também ao esquema de acessibilidade, pois é um documentário fácil de ser encontrado pelos meios legais, digo, o streaming. Outros são mais difíceis, requerem também assinaturas menos populares que o Netflix, então, eu gosto de surfar nas ondas desta produção que tem sido amplamente discutida desde o seu lançamento. Devido ao seu impacto profundo e preocupações levantadas sobre as redes sociais e a tecnologia. Esse documentário inovador aborda questões cruciais que moldam nossa sociedade e impulsionam mudanças significativas na forma como interagimos, pensamos e percebemos a realidade. Uma das questões mais prementes discutidas no documentário é a manipulação das redes sociais e como essas plataformas utilizam algoritmos sofisticados para reunir dados dos usuários e influenciar seu comportamento. O documentário destaca que as redes sociais coletam uma quantidade impressionante de informações sobre cada usuário, desde suas preferências e hábitos de consumo até suas interações sociais, a fim de criar um perfil preciso de cada indivíduo. Esses dados são então utilizados para direcionar anúncios personalizados e conteúdo específico, criando uma bolha personalizada em que cada usuário está imerso. Isso levanta preocupações sobre a privacidade e a manipulação dos indivíduos, uma vez que as redes sociais podem moldar sua percepção da realidade e influenciar suas escolhas sem que estejam cientes disso. Além disso, o documentário aborda o impacto profundo das redes sociais na sociedade, especialmente em termos de polarização política e discurso de ódio.
E...não podemos deixar escapar nada professor, pode continuar o seu fluxo de ideias.
Tentando ser sucinto, mas é um tema muito complexo. Continuando: ao criar bolhas de filtro que reforçam nossas crenças e opiniões existentes, as redes sociais têm contribuído para a divisão e fragmentação da sociedade. A desinformação se espalha rapidamente em ambientes digitais, alimentada pela natureza viral das redes sociais, o que pode resultar em consequências graves para a democracia e o bem-estar social. O documentário levanta a questão crucial sobre como balancear a liberdade de expressão com a responsabilidade social das plataformas digitais, destacando a necessidade de regulamentação e transparência para lidar com esse dilema complexo. Ademais, o dilema ético por trás da tecnologia é central no documentário, pois questiona as motivações das empresas de tecnologia e seu impacto na sociedade. O modelo de negócios das redes sociais, baseado na monetização dos dados dos usuários e na maximização do engajamento, levanta questões éticas sobre a equidade, a justiça e a responsabilidade das empresas em relação ao público. O documentário alerta para as consequências não intencionais e indesejadas da tecnologia, como vício em redes sociais, problemas de saúde mental e distorções da realidade, levantando a necessidade de uma reflexão crítica e uma abordagem ética na era digital.

Constantemente, suas apresentações versam sobre o cinema e a literatura como meios de aprendizagem concreta. Esse é um termo específico do campo da pedagogia?
Sim, vejo o cinema, as séries, as simulações e outros recursos pedagógicos como meios de estabelecimento da aprendizagem concreta, um conceito fundamental no campo educacional que se baseia na ideia de que os alunos aprendem de forma mais eficaz quando têm a oportunidade de interagir diretamente com o material de estudo. Ao contrário da aprendizagem abstrata, que se concentra em conceitos teóricos e abstratos, a aprendizagem concreta envolve a utilização de materiais físicos e experiências práticas para ajudar os alunos a compreender e internalizar o conhecimento de forma mais significativa. Quando uso um filme, por exemplo, peço ao estudante que interaja com o personagem. Numa ocasião, uma turma de jornalismo entrevistou o personagem de um conto de Nelson Rodrigues. Foi uma experiência incrível. Uma das principais vantagens da aprendizagem concreta é a sua capacidade de tornar o aprendizado mais tangível e relevante para os alunos. Ao manipular objetos, realizar experimentos práticos e participar de atividades hands-on, os alunos conseguem visualizar conceitos abstratos de uma maneira mais concreta e aplicável à vida real. Isso não só torna o aprendizado mais envolvente e interessante, mas também ajuda os alunos a reter informações de forma mais eficaz, uma vez que eles estão envolvidos ativamente no processo de aprendizagem. Com o cinema, as séries, os documentários, quando devidamente direcionado pelo professor, funciona muito bem, pois a aprendizagem concreta também promove o desenvolvimento de habilidades importantes, como a resolução de problemas, a criatividade e a colaboração. Ao enfrentar desafios práticos e trabalhar em projetos concretos, os alunos são incentivados a pensar criticamente, experimentar novas abordagens e trabalhar em equipe para alcançar objetivos comuns. Essas habilidades são essenciais para o sucesso não apenas na sala de aula, mas também na vida cotidiana e no mercado de trabalho. Muitas escolas e educadores enfrentam desafios práticos, como a falta de recursos e tempo, que podem dificultar a incorporação de atividades práticas e experiências concretas no currículo. Além disso, a ênfase crescente em testes padronizados e avaliações baseadas em conteúdo muitas vezes limita a capacidade dos educadores de dedicar tempo e recursos à aprendizagem concreta. É preciso repensar a educação constantemente.
Para finalizarmos, o que os seus leitores podem esperar do livro A Cibercultura e Suas Representações em Narrativas Ficcionais e Documentais?
Diagramação simples, muitas ilustrações, questões estilo ENEM e ENADE para testar os seus conhecimentos e uma análise panorâmica de filmes e séries sobre a cibercultura, tema de Conhecimentos Gerais e Atualidades fundamental para refletirmos sobre as implicações éticas e legais das tecnologias digitais, a fim de garantir um ambiente digital seguro e inclusivo para todos. Acredito que por meio das ideias desse livro, podemos contemplar como a cibercultura também influencia profundamente as estruturas de poder e as dinâmicas sociais. A ascensão das redes sociais como plataformas de disseminação de informações e propaganda política, por exemplo, demonstra o impacto significativo da cibercultura no cenário político contemporâneo. Da mesma forma, a economia digital e as novas formas de trabalho remoto reconfiguram as relações de trabalho e o mercado de emprego, gerando tanto oportunidades quanto desafios para a sociedade como um todo. Sendo assim, a cibercultura representa uma nova camada da cultura contemporânea, permeada pela tecnologia digital e pela interconectividade global. Ela desafia nossos conceitos pré-estabelecidos de espaço, tempo e identidade, convidando-nos a refletir sobre o impacto profundo das tecnologias digitais em nossas vidas. Ciente de que é essencial promover um diálogo aberto e crítico sobre a cibercultura, a fim de compreendermos suas nuances, potencialidades e desafios, e assim construirmos um futuro digital mais inclusivo e sustentável para todos, entrego esse livro para os meus leitores. Espero que tenham todos uma experiência coesa e coerente sobre o assunto, que ampliem o repertório cultural, etc.
Em breve, um podcast sobre o assunto e o livro As Representações da Cibercultura no Cinema e na Televisão, para você fazer download e se aprofundar no assunto.
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