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Argumentação e Escrita nas Questões Discursivas

Estratégias para responder questões discursivas em processos avaliativos


Argumentação e escrita nas questões discursivas
Fonte: Via Carreira

Na dinâmica dos concursos, vestibulares e processos avaliativos, tal como o ENADE, as questões discursivas se estabelecem como um grande desafio para os candidatos. Sabemos que a escrita fluente é algo que se relaciona diretamente com hábitos de leitura, por isso, apesar de macetes e sugestões para melhoria da estrutura de um texto escrito neste tipo de ocasião, desenvolver uma rotina de estudos que contemple assertivamente o treinamento para a elaboração de textos argumentativos é um dos caminhos não apenas para situações avaliativas, mas também algo a ser levado para a vida. Escrever bem permite a abertura de portas no competitivo cotidiano profissional, além de permitir que possamos colocar para a apreciação do outro, as nossas ideias, desde as legendas em redes sociais, aos e-mails que enviamos, nos discursos que precisamos elaborar em situações especiais ou qualquer modelo de mensagem que tenha como direcionamento, passar uma mensagem eficiente para nossos receptores.


No caso das questões discursivas, o candidato precisa levar em consideração que os seguintes aspectos serão avaliados em sua jornada argumentativa: a explicação e solução para um determinado problema apresentado, a aplicação de conteúdos aprendidos sobre assuntos pontuais para aplicação em situações inovadoras, argumentação que trace comparações ou classificação de dados e informações, estabelecimento de relações de causa e efeito ao longo da exposição argumentativa, demonstração da capacidade de sintetizar ideias sem prejudicar a dinâmica da escrita, formulação de conclusões com base nos elementos fornecidos ao longo do enunciado que deve ser lido e atendido adequadamente, bem como comprovar a habilidade de manter organizado, por meio da escrita, as ideias, de maneira lógica, coesa, coerente, pois neste processo avaliativo, são levados em consideração, as suas estratégias argumentativas, vocabulário minimamente expressivo e adequação gramatical, ou seja, elementos básicos de regência e concordância verbal e nominal, acentuação, pontuação, dentre outros.


Quando ministro aulas, oficinas e cursos sobre escrita para este tipo de situação, geralmente aconselho os candidatos a não escrever parágrafos longos demais, tendo em vista evitar a perda de coesão com as possíveis inadequações no uso da vírgula. Demonstrar erudição é importante, mas utilizar palavras que fogem do significado daquilo que se pretende dizer pode ser um problema, por isso, sempre indico que saiba usar adequadamente cada palavra empregada no texto. Divagações podem funcionar no discurso oral, mas na escrita, é preciso optar pela objetividade, pois neste esquema avaliativo, o número de linhas disponíveis para a argumentação precisa ser atendido sem prejuízo ao conteúdo das ideias. Sendo assim, torna-se fundamental manter-se atento ao tema e ao enunciado, para evitar fuga do que é solicitado ou transparecer que está enrolando por não saber muito sobre o que foi proposto. Neste ponto, adentramos nas discussões sobre atualidades. Entender um pouco de muitas coisas pode ser o guia de sobrevivência para quem está num processo avaliativo.


É claro que devemos ser especialistas de determinados assuntos, próprios de nossa área de atuação, mas conhecer um pouco do que é tema recorrente no mundo contemporâneo é parte de nosso ingresso para circular por espaços diversos. Quem vos escreve, por exemplo, é formado em Letras e Cinema, mas não significa que tenha que me limitar e não dialogar sobre Meio Ambiente, Educação, Segurança Alimentar e Nutricional, dentre outros assuntos que se tornaram tangenciais em meu cotidiano, por motivos diversos, muito além da preparação de projetos para o ENADE. Assim, na questão discursiva, além da organização das ideias, do devido fluxo de conhecimentos gerais para reflexão, relação e aplicação de conceitos, controle do espaço disponível para respostas e citações relevantes, é preciso também aderir ao rascunho, algo que muitos estudantes preferem fugir, sem sequer imaginar que essa postura pode ser prejudicial ao texto que escreve, pois é no rascunho que habita a elaboração das ideias.

Questões Discursivas e Dissertativas
Fonte: Cápsulas do Conhecimento

Diante do exposto, o seu uso deve ser considerado indispensável. O rascunho serve para o autor se comportar como uma espécie de leitor crítico de sua própria composição textual, numa dinâmica que permite a elaboração de alterações antes de entregar a versão argumentativa final, tendo na revisão, a melhoria na qualidade do que escreveu. Rascunhar é treino, hábito de dedicação para aqueles que desejam os melhores resultados. Um paradoxo, por exemplo, no meio do texto, pode ser resolvido quando o autor relê o que compôs e reorganiza as ideias de sua produção. Ao rascunhar, o candidato tem a chance de reler a proposta, anotar as suas ideias, criar sentido entre os elementos elencados para compor o texto e, assim, determinar melhor o começo, o meio e o fim de sua escrita. Ademais, além destas dicas valiosas, proponho sempre que o indivíduo responda as questões de provas anteriores, uma ótima solução para treinamento, afinal, na questão discursiva, o “chute” não é uma possibilidade.


Ao lidar com uma questão discursiva, o candidato precisa ter em mente que vai elaborar um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão. Neste tipo de produção textual, é preciso iniciar com uma declaração afirmativa ou negativa sobre algo, desenvolver contemplando de maneira explicativa todos os pontos para, mais adiante, concluir com uma proposta de intervenção ou solução para o tema explorado. E, como costumo dizer aos meus estudantes, sair do clichê que delega apenas ao Estado as obrigações diante de uma situação problemática que requer ajuste. Sociedade civil, espaços educacionais, a mídia, ONGS e tantos outros setores de nossas vidas podem ser responsáveis por abraçar causar necessárias para a mudança do que está estabelecido. Outro ponto que destaco é a importância de cuidar da caligrafia e manter a legibilidade do que está escrito, afinal, a banca avaliadora consta de seres humanos, não de robôs que fazem uma leitura programada. Respeitar os limites das linhas, margens e parágrafos também é muito pertinente, pois se passa uma ideia de organização da arquitetura textual.


Censura nunca é e nunca deve ser uma opção, mas nas questões discursivas, precisamos evitar discursos demasiadamente inflamados, isto é, ser coerente e coeso na militância, evitar posições partidárias que prejudiquem a escrita, como por exemplo, “todo bandido deve ser morto” ou “todo político é ladrão”. Se afastar de abordagens categóricas também é algo muito problemático, tipo “todo gay é afetado” ou “todo branco é um racista”, dentre coisas do tipo, inacreditavelmente muito comuns em respostas e redações de processos avaliativos. No enunciado, há um manancial de palavras-chave que precisam ser inseridas na sua produção, num texto que deve ir direto ao ponto e prezar pela objetividade. Ademais, escrever com autonomia também é um ponto importantíssimo, pois é necessário fundamentar a sua argumentação com teorias e discursos especializados, mas evitar frases prontas, apontamentos vagos e atribuir erroneamente algumas máximas aos autores errados. Um exemplo: citar algo de Clarice Lispector e atribuir ao Arnaldo Jabor, dentre outros deslizes, também bastante costumeiros.


Aos leitores, desejo uma excelente jornada de escrita, continuem praticando e, se ainda não começaram, a hora é agora, combinado?


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